top of page

Cabe ao discurso livre oferecer-se ao leitor como experiência prática da liberdade e, ao mesmo tempo, como trilha para alcançá-la. Para conseguir seu intento, precisa ser, simultaneamente, contra-discurso capaz de enunciar de seu próprio interior aquilo que o tornaria impossível, enunciando-se a si próprio como discurso filosófico ao marcar o lugar que lhe é proferido para recusar o imaginário servil precisa realizar-se como discurso sem senhor, designando aquele que será incapaz de lê-lo e por isso irá pervertê-lo, mesmo sem disso tirar o menor proveito, apenas obedecendo a paixões tristes albergadas no coração entorpecido pelo medo, pelo preconceito, pelo ódio. Trabalho livre do pensamento, o discurso que o encarna é libertador


Marilena Chauí

A trajetória intelectual de Marilena Chauí revela uma das mais raras contribuições para a formação do pensamento engajado brasileiro, pela sua força e amplitude de temas e trabalhos críticos sobre os problemas mais profundos da sociedade brasileira, na defesa da manutenção e criação dos direitos, da democracia, do papel da universidade pública, da cultura, na denúncia e crítica à violência, ao autoritarismo, ao discurso competente.

 

Um percurso filosófico dedicado à história da filosofia e, sobretudo, às filosofias de Espinosa e Merleau-Ponty que retoma como centro de suas questões a reflexão sobre a potência humana para a liberdade, desde seus fundamentos ontológicos até a compreensão da intricada problemática da possibilidade da ação ética, e do constante movimento instituinte da política.

 

Percorrer esta trajetória filosófica poderá nos permitir refletir sobre a Nervura do Real e as principais questões do atual cenário brasileiro, recuperar a sua compreensão pelos seus fundamentos, e, quem sabe, construir algum espectro de questões a serem enfrentadas por outros tantos trabalhos intelectualmente engajados e com isso repensar horizontes de ação, de pensamento, de contradiscurso ou, pelo menos, encontrar fissuras na densidade do real que permitam que o reconhecimento do exercício do discurso livre e da filosofia como práxis libertadora tenham, pelo menos, seu tempo e seu lugar.

bottom of page